Era para ser sobre perder penugens, deixar brotar as penas, abrir as asas e voar, crescer para ser maior e evoluir para ser melhor. Era para ser você para sempre e ficar eternamente no meu presente, mas os ventos a sopraram para outro lugar.
Fosse eu ainda um filhote depenado, meu alimento seria no seu bico com o gosto do seu beijo. Você voltaria a todo momento e eu permaneceria suspenso, eternamente, no ninho. Mas, na terra de Tupã e Tabajara, andorinhas, pica-paus, araras e maracanãs, até se coçam, se limpam, cantam, mas nasceram para voar.
Plano e canto, na presença da sua ausência e me alço alado ao vento, onde é possível o nosso encontro. Na voz da noite, suas rasantes em meu ninho lhe anunciam como parte das coisas findas, ainda que em sonho, suas asas se abrem, me velam e seu bico pinga um pouco de água, nas horas que não consigo voar. Prometi que por onde eu bater as minhas asas e for, meu canto vai na frente, mais alto e mais fundo, anunciando o que não tem fim em meu horizonte, sem nuvem nem monte, levando o que é eterno em mim - o amor.